Alguém disse que a lua nasce
por de trás da serra avisando que a noite chegou e que as luzes das casas se
apagam dizendo que o dia acabou.
Aqui a noite chega quando as
portas das lojas abaixam e os cobertores agasalham as calçadas. Nele crianças adultas,
Adulteradas transam em busca de proteção ou medo.
Eufóricas pela chegada da
noite, embaladas pela cola e o crack brincam de ser criança, correm descalças
no imenso quintal que descansa dos carros.
Na noite são Reis, Princesas e
Rainhas ou simplesmente crianças. Protegidas pela escuridão
arreganham os dentes e dançam, correm de braços abertos como se quisessem
agarrar no ar seu direito de sonhar.
E giram, como se o mundo fosse
um grande parque, rodopiam até que seu corpo exausto caia procurando no outro
acalanto para o frio, dividindo com tantos um único pedaço de pano sobre o
chão.
Dormem agarrando uns aos
outros, colados na tentativa de transformar-se em um único corpo.
Dormem até que a luz do dia
venha acompanhada das botinas e esguichos d’agua, avisando que a realidade
chegou.
Outubro/2011
Luciana
Santos
Parabéns pelo seu texto, Luciana! Ele é ótimo e o que mais gostei. Que bom que voltou a escrever.
ResponderExcluirLuciana, minha cara amiga de lutas e de utopias,
ResponderExcluir"Na noite são Reis, Princesas e Rainhas ou simplesmente crianças. Protegidas pela escuridão arreganham os dentes e dançam, correm de braços abertos como se quisessem agarrar no ar seu direito de sonhar..."
Muito lindo!
Parabéns!