Meus braços se
esticam tocando as paredes com as pontas dos dedos, sentindo na tinta fria o
calor da noite, enquanto minhas mãos aflitas passivam buscando o suor e as
marcas deixadas pelos nossos corpos.
Como se eu pudesse
sentir minhas costas nuas prensadas pelo teu peito, enquanto tuas coxas abriam
caminho entre as minhas.
Na minha boca
arde o gosto do desejo ainda latente, enquanto a lembrança das tuas mãos em
minha cintura me arranca o ar.
Meu corpo
explodindo se contorce, e posso sentir minhas pernas embaraçando nas tuas,
confundindo meus dedos com os teus.
Descalça, sinto
em meus pés as manchas purpuras, ainda viva, do tinto que brindamos.
Olho as taças
caídas que aguardam silenciosas nova dose.
Como uma promessa
muda, como a vela derretida sobre a mesa.
No teto vejo o
sorriso que não pude conter, e me cora o rosto, ao lembrar meu corpo colado
como tatuagem no teu.
Lembrança que
reascende a cada instante o desejo que ferve e grita.
Olho seu corpo
nú, seus olhos, um convite, um sorriso,
E as mãos que se
estendem em minha direção
Sem palavras,
minha boca se enche de seu beijo e nossos corpos se tornam um no duelo
insaciável.
Luciana Santos
Novembro de 2012